
“Ju, me conta como é ser mãe e viver nesse mundo da maternidade? Me dá uma notícia boa que me incentive a ter filhos, por que não tá fácil!” E, mais ou menos assim, de maneira tão despretensiosa, uma querida me fez a pergunta do ano. Respirei fundo, pensei rápido em tudo o que vivi nesses tempos, e respondi calmamente algo assim:
“Ser mãe foi a transformação mais completa, integral e surreal que eu poderia ter passado e não acho que exista outra maior. É muito amor, querer bem, é a sensação de completude. É magnífico, divino mesmo.”
No que eu respirei, ela sorriu e disse
“Era o que eu precisava ouvir. Pronto, esse ano o herdeiro vem.”
Mas eu não havia terminado...
“Apesar de ser maravilhoso, é também muito difícil. Você veja que a mulher hoje não cuida apenas da casa e da família, mas também trabalha fora. E ela assimilou mais uma tarefa sem ter como dividir as tarefas anteriores. É pesado demais. Especialmente nós, mulheres criadas em famílias muito presentes e que nos mudamos pra outra cidade, isso é ainda mais duro, porque não temos nossa rede de apoio e sentimos muito não oferecê-la aos nossos filhos. Você terá que conversar muito com seu marido, criar sua comunidade na sua cidade, pensar no que é mesmo necessário e o que é invencionismo da sociedade de consumo em que vivemos. É um universo novo e ele é gigante mesmo, os desafios são múltiplos e a sociedade não ajuda, só exige.”
Eu tinha mais a falar, mas a vi esmaecendo, talvez por medo de que eu tivesse razão... então parei.
Olhei minha filha linda e faceira batendo altos papos com os presentes enquanto eu embalava a outra filha dorminhoca e sorridente no colo, e sorri, pensando: Faltou dizer a ela que vale a pena. Sem pieguismo, todo esforço vale a pena pelo muito que aprendemos a amar e pelo muito amor que recebemos em retorno. Tudo o mais tem jeito ou dá-se um jeito. ❤️
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