Mas representatividade importa.
- Por favor, gostaria de um body de super-herói para um bebê de 1 ano.
- Claro, senhora. É menino ou menina?
- É menina, mas não se preocupe com isso não. Me mostre tudo o que você tiver desse tamanho.
- Ah, claro. Que bom ouvir isso, não tem nada a ver de roupa de acordo com o sexo de criancinhas. É tão legal misturar tudo. Veja aqui. Temos Mulher Maravilha e Capitã Marvel.
- E esse de Homem de Ferro? E esse do Batman? E o Super-Homem? Não tem no tamanho?
- Ah, sim…. desculpe… achei melhor oferecer primeiro as femininas…
- Então, como eu disse, não se preocupe com isso.
- Claro, claro…
(cara de paisagem)
Isso aconteceu lá em 2017. Mas é atual como nunca.
Ontem mesmo fui a uma livraria em busca de livros para presentar crianças. Livros! O vendedor, muito atencioso, ofereceu ajuda e eu aceitei. Foi quando veio a fatídica pergunta:
- É para um menino ou uma menina?
Eu, já mais calejada mas também sem muito mais paciência após 5 anos do primeiro evento, respondi, meio amarga:
- E tem diferença?
Ele sorriu amarelo, ficou um pouco perdido, ensaiou uma resposta e saiu, mas veja lá que passados alguns segundos titubeando, ele me trouxe boas indicações de livros mesmo.
A gente nem percebe, mas os estereótipos e imposições sociais começam tão cedo... se a gente pisca, cai num. E eu fico aqui, olhos arregalados, tentando escapar pelo menos de alguns deles.
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Obs. 1: Caso você esteja se perguntando, no primeiro evento levei a do Homem de Ferro e a do Clark Kent virando Super-Homem. Mas hoje temos outras também, inclusive da Mulher Maravilha, porque realmente em termos de roupa e de livros tanto faz, mas em termos de exemplo e de vida, a gente aprende também que representatividade importa.
Obs. 2: Hoje a Cecília tem 5 anos e se amarra nas princesas, claro. Já Alice, na altura dos seus 3 anos bem vividos, gosta mesmo da roupinha de pirata e do Superman porque, evidente, uma vem com tiara e a outra com capa. Desde que seja escolha delas, eu apoio!
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