A felicidade das pequenas coisas
- Juliana Machado
- 7 de set.
- 2 min de leitura
Decidida a me cuidar, marquei uma porção de exames e, para fazer tudo de uma vez, aquele tinha sido o dia possível. Fiz todos os ajustes na logística familiar e segui para a clínica. Terminei depois das 14h, morta de fome. Ainda no vestiário, fui ver as mensagens e vi uma mensagem da colega de trabalho responsável pelo nosso setor nesses tempos. Ela me perguntava se eu daria conta dos meus processos, porque o fim do mês estava ali na esquina e não teríamos o último dia disponível, como eu sabia. E eu sabia mesmo, fui eu que fiz a observação para ela.
Eu só não me toquei que seria tudo junto e, justo no dia que eu tirei para fazer exames, coisa que nunca faço, teria que ser o dia de produzir loucamente.
Cheguei em casa esbaforida, pensando que talvez aquele seria o dia que eu enfim não daria conta do serviço e cairia sobre mim a responsabilidade do setor inteiro a aparecer nas estatísticas do lado ruim da régua.
Esquentei uma comidinha pra comer na frente do computador e fui fazer um xixi porque essas coisas não esperam.
Estava eu lá, pronta para o meu xixi, quando reparo um post it roxo no meio da porta do banheiro.
Você que não conhece nossa família de perto não sabe, mas se é roxo, só tem uma pessoa possível: Alice.

E pronto.
Naquelas letras tortas de quem está se esforçando demais pra aprender a escrever, vinha a mensagem mais linda que eu podia esperar naquele momento.
Instantaneamente, me lembrei os avanços da minha pequena com a linguagem falada e escrita (ela aprendeu a falar o R e também tem lido e escrito cada dia mais coisas), tem se tornado mais madura no convívio com a irmã e os amigos, tem se empoderado ("eu sou uma líder, mamãe") e sempre com um sorriso e um bom humor que me encantam.
Eu sorri. Ela fez meu dia ali, mal sabia ela o quanto.
Respirei fundo, terminei meu xixi e fui trabalhar de ânimo renovado.
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Quando ela chegou mais tarde, eu agradeci a delicadeza do gesto e expliquei o quanto a mensagem dela tinha me ajudado. Ela ficou toda orgulhosa de si.
Foi enfim um dia memorável.
A felicidade parece que reside mesmo nas pequenas coisas. Às vezes cabe num post-it.
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Obs.1: Eu trabalhei feito louca mesmo assim, não tem mágica, rs. Mas consegui entregar a meta, com uma ajuda de alguns colegas queridos. Tá tudo bem precisar de ajuda de vez em quando (minha nota mental para o futuro).
Obs. 2: Essa mensagem da Alice foi especial mais por mim, que precisava, do que por ela, porque ela faz muuuitas dessas mensagens e do nada eu fico achando cartinhas, adesivos, flores e até pedra que ela traz pra mim (e pro pai e pra irmã e inclusive para ela - ela sempre se preocupa com todos, nota mental para o futuro dela).
Obs. 3: Faz dias, mas o post-it continua lá. Vai que eu preciso de novo...
