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ENSAIOS

de escrita, culinária, economia e finanças, bem-estar e reflexões sobre parentalidade

Quando a poeira baixar

  • Foto do escritor: Juliana Machado
    Juliana Machado
  • 24 de nov. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de fev.



Eu sei que você está triste comigo. Triste e com raiva.

Eu também estou triste com você. Triste e surpresa. Jamais pude imaginar que poderíamos nos distanciar tanto assim uma da outra, quase inimigas, de lados distintos mesmo da história, do jogo. Como você pôde pensar tudo aquilo e dizer tudo aquilo outro? Não compreendo.


Mas hoje eu me peguei lembrando a nossa história, nossas conversas, nossa origem comum, nossas semelhanças, nossos causos. Revi fotos, rememorei fatos, lembrei da sua voz, da sua risada, do seu olhar, do prazer que eu sentia na sua companhia e como o nosso encontro nessa vida teceu também quem eu sou hoje.

Nossos caminhos se distanciaram bem ali, naquela curva, olha, bem ali onde você voou mais adiante e eu finquei raízes, pelo menos naquele momento, aguardando a hora de voar também, em outra direção. A nossa visão de mundo, claro, não é mais a mesma, se é que um dia foi. Você vê tudo daí do seu espaço, eu vejo daqui do meu, e nossas lentes foram moldadas pelas nossas experiências. Claro, não havia como não mudarmos, aliás, que triste seria se não tivéssemos mudado.


Mas se a visão de mundo não é a mesma, eu sei que os valores, ah os valores, esses permanecem bem semelhantes. Fomos criadas com muito amor e para o amor, desejamos o bem do outro, somos honestas, éticas, inteligentes, interessadas e interessantes. Somos leais, somos família, somos religiosas. Queremos ver o mundo prosperar, a dor diminuir, a guerra acabar, a justiça para todos. Se pensarmos bem, na verdade, temos hoje ainda muito mais pontos em comum do que divergentes. Nossa essência ainda é muito a mesma, mesmo que agora não pareça.

E quando a poeira baixar, e a tristeza aquietar, sinto, ou sonho, que a nossa história e a nossa essência vão falar mais alto. Nós vamos dar as mãos de novo, rir dos causos, chorar as saudades, tecer esperanças pelo futuro das nossas crias. Talvez não sigamos muito juntas, porque a visão de mundo ainda será muito diferente, mas saberemos que podemos chamar que a outra vem. Eu sei que você vem. Eu já estaria aí.

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