Um amor sem medida alguma, que de tão grande às vezes dói.
Um novo tempo para as coisas, seja a interminável rotina dos primeiros tempos, seja o tempo necessário para brincar, para responder, para uma troca de roupa, para a calma chegar, para o colo e para cada descoberta e etapa da vida.
Um olhar mais apurado para as sutilezas da vida – o sorriso desdentado, as primeiras vezes, o rabisco mais lindo, uma tristeza que quer se esconder, a alegria de uma nova conquista.
A morder a língua, pelos julgamentos que fiz no passado por comportamentos que hoje não apenas repito, como entendo e aprovo. A sabedoria demora e chega aos poucos, mas chega.
A fazer feijão.
A pintar, a bordar mil miçangas, desfazer e começar de novo, dancinhas, novas princesas e heroínas, a fazer massinha, experiências.
A não julgar, esse um aprendizado em curso, porque eu realmente não sei o que a outra mãe vive e porque eu não quero ser julgada.
A priorizar, porque a gente descobre rápido que não vai dar para fazer tudo que o mundo exige das mães, embora a gente sempre tente.
A ser a secretária, motorista, relações públicas, enfermeira, artesã - isso num dia normal. Nos dias especiais multitasking é meu sobrenome. Não é um talento, é uma necessidade.
Novos interesses, para além dos meus. A banda pop, o filme trash, as manias da geração, as brincadeiras do momento. Elas gostam, eu me interesso. Exceto slime, esse não dá.
Uma nova lente para olhar o mundo, mais apurada, mais gentil, mas mais exigente também.
Eita escola potente essa! E isso é só o começo.
Mas a força mais revolucionária da maternidade em mim foi ter de olhar para mim mesma.
Me conhecer, me amar e me respeitar. Eis o grande desafio diário se desejo que minhas filhas também sigam um caminho mais feliz e mais leve, que se realizem por completo. Eu sou o exemplo mais próximo e inolvidável. Essa é a jornada insana que a maternidade me proporciona e eu só dei os primeiros passos.
Descansar. Desacelerar. Pausar até. Rever decisões, escolher, ceder, renunciar sem trauma. Cada coisa no seu tempo.
E que avida pode ser leve, deve ser leve, ainda que haja um preço.
Não faria por mim apenas, confesso. Mas por elas, ah por elas eu vou até o fim e volto três vezes.
*
Feliz dia das mães a todas as mães! É pesado, sabemos, mas é uma delícia, a maior delas.
Dá aqui a mão que fica mais leve. Se tiver café então, aí dá certo com certeza!
Beijo, me liga.
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