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ENSAIOS

de escrita, culinária, economia e finanças, bem-estar e reflexões sobre parentalidade

Isso é um teste

Foto do escritor: Juliana MachadoJuliana Machado

Atualizado: 14 de set. de 2024

Sobre direitos humanos



Oi. Tudo bem por aí?

Este aqui é um texto teste. Vem com o nome explícito para que, caso você não se interesse, possa pular a leitura dele sem pestanejar. Sei que o seu tempo é escasso e não pretendo gastar sua atenção à toa.

Aviso dado, fica, vai? Que te custa? =)

 

Jornal Nacional lá em casa era um marco, uma solenidade. Na verdade, eu lembro de ser o Jornal Nacional, mas podia ser aquele outro que passava mais tarde. Certeza que era Rede Globo, nunca fomos lá expectadores de outros canais. Mainstream que chama, né? Rs, hoje entendo melhor e tenho uma dieta bem mais variada quando o assunto é notícias. Tema para outro texto, no entanto.


Quando era a hora dele, nenhum outro programa passava e tínhamos de fazer silêncio, já que o papai se concentrava nele e o assistia na TV da sala. Ele era a voz dos fatos importantes, das verdades que precisávamos saber. Não havia muita restrição a assistirmos junto, mesmo os assuntos difíceis. Eu, já adolescente, era na verdade convidada a assistir. Convidada é um termo técnico, você sabe.


Foi numa dessas que vi uma reportagem sobre a fome e a crise da malária no continente africano. Me chocou demais ver as imagens das crianças famintas e barrigudas, seminuas, chorando e cheias de moscas em volta. A precariedade dos serviços, a pouca ajuda, o esquecimento das dores dos outros. Como podemos chegar naquele ponto? Algo precisava ser feito e com urgência.


Não era essa a imagem exatamente, mas não quis procurar aquela. Ainda mexe comigo. Essa acho que já captura bem o sentido e é real e atual.

Comentei com meu pai, indignada.

Ele sorriu e me disse que se era a fome, a doença ou a dor do outro o que me preocupava, eu não precisava olhar o continente vizinho – havia muito o que ser feito ali mesmo na nossa vizinhança.

Sem saber, ele lançava ali o olhar que desde então orientou as minhas reflexões profissionais e pessoais.


Havia um mundo de dor e desigualdade a ser enfrentado. Em todos os lugares do mundo, às vezes bem próximo a mim na verdade, havia direitos mínimos sendo desrespeitados, vidas humanas desperdiçadas por motivos banais. Havia guerra, fome, abandono, ninguém parecia muito se preocupar a ponto de fazer algo efetivo. Eu não sabia ali, mas eram os direitos humanos que eu procurava. Eu queria fazer parte dessa luta. Queria, não, eu precisava. Ainda preciso.


A caminhada nesse campo foi tortuosa, havia pouco de informação disponível naquela época pré-internet. Orientação consistente então nem se fale. Consciência histórica, social, política foram todos assuntos que demoraram para se conectar e fazer sentido em mim. Demorou para que eu pudesse sequer reconhecer o meu interesse, nomeá-lo e direcionar os meus esforços.

Desde então eu venho estudando, pesquisando, me interessando.

Não é, ao menos não ainda, uma ocupação profissional, porque os caminhos da vida me levaram em outra direção, uma que não posso simplesmente abandonar. Mas não estaria mentindo se dissesse que é esse interesse o que me move e motiva hoje.


E como não?

Falar de direitos humanos é falar de gente, é contar histórias, é ter esperanças num futuro não tão longe de mais igualdade, de mais possibilidades para todos. Não há nada mais importante e interessante do que falar disso. Bom, talvez falar das minhas filhas, mas isso você já sabe e eu já escrevo...

Se eu pensar bem, a maternidade foi também um novo impulso nessa direção e nessa reflexão. É que ser mãe mudou a forma como vejo o mundo e com isso mudou tudo de certeza que havia em mim, eu preciso todo dia repensar minhas convicções, exijo mais respeito nas questões de gênero e raça, reflito mais nas questões públicas, o meio ambiente que já era uma preocupação antiga ganhou também novos espaços. Nem alimentação e passeios passaram incólumes por essas lentes. E tudo isso foi abrindo cada vez mais meus olhos para as dores do mundo.


Quero criar filhas em um mundo melhor, claro. Tudo o que eu puder fazer por elas e para elas eu farei e isso está na conta. Se houver menos preconceito, mais paz, menos fome, mais educação, poxa... que bom que seria. Mas quero também criar filhas melhores para o mundo. Que elas vejam o que demorei a ver, que não aceitem como naturais as imposições sociais e do mercado, que não se limitem, que não abandonem o outro, que não se preocupem apenas consigo.

É isso que almejo.


E, como teste e como esforço, vou nem que seja de vez em quando escrever sobre isso por aqui. Com leveza, claro, sempre que der. Com elas, sempre, porque não sei ser de outro jeito.

Fica, vai? Um texto de cada vez, quem sabe aonde a gente chega?


Imagem criada por IA - Foram diversas tentativas até conseguir essa composição mais diversa

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