Intimidade não concedida
- Juliana Machado
- 3 de fev.
- 2 min de leitura

Eu estava procurando algo que servisse como fantasia de halloween, não fosse extremamente caro, fosse confortável para a festinha da escola e pudesse ser utilizado mais de uma vez pela minha pequena de então 2 anos e uns meses. Tarefa difícil, eu sei. Imagina fazer isso de véspera? E grávida da segunda herdeira?
Entrei numa loja conhecida de roupas bonitinhas para crianças. É cara, mas se rolar um pijaminha de caveira, eu levo, pensei.
- Você está grávida? Gêmeos? É de gêmeos, né?
- Não, é só uma mesmo. (sorriso amarelo)
- Nossa, mas que barrigão. Olha como está torta a barriga!
- Não está torta, é só a roupa mesmo.
- Que nada, está torta sim. Dizem que isso acontece com menino. É menino, né? Certeza que é menino.
- Não, não é.
Três perguntas/comentários dispensáveis e indiscretos antes mesmo de me dar boa tarde?, pensei eu já brava. Será que ela não sabe que grávidas têm as emoções à flor da pele? Não entende o risco que ela corre?
Num relance, vejo a moça esticando a mão em direção à minha barriga. Sem pestanejar, viro o barrigão na direção inversa. Ela ri, enfim sem graça.
- O que você está procurando?
- Só olhando, obrigada. Respondi eu, já dando meia volta e saindo da loja.
Na saída, olho para ela novamente, raios saindo dos olhos.
.
A gravidez não torna a mulher coisa pública, sabe? Em alguns casos, tipo eu, é bem o inverso... Não pergunte, não toque e não presuma saber dela o que ela não lhe disse, a não ser que ela tenha dado a intimidade para tanto. Especialmente se você pretende vender algo para ela. Fica a dica.
Eu não falei isso para ela. Mas pensei tão forte que juro que ela captou. Ou devia. Todos deviam.
-----
Obs.: Sim, eu fiz um barrigão nas duas gestações, a segunda maior que a primeira, claro. Nunca me senti tão linda. E minha barriga não era torta. Fique o registro. =)
Comments