E viva o 8 de março!

Quando eu ainda estava grávida da minha mais velha, meu digníssimo chegou em casa com uma surpresa que o que tinha de linda tinha também de interessante. Uma colega de trabalho havia dado a ele o livro “Histórias de ninar para garotas rebeldes”. É um livro lindo, que conta histórias de 100 mulheres incríveis e rebeldes, que não aceitaram o mundo como ele é e foram à luta.
Mas mais lindo que o livro era a dedicatória. O livro foi um presente para ele mesmo, o meu marido, não era exatamente para a nossa filha. Porque a amiga disse que ele iria amar construir esses momentos de leitura com a filha que já sabíamos que vinha e que ela esperava que o teor das histórias ajudasse ela a ser tão corajosa e rebelde quanto possível. Que ela mesma havia lido com o seu filho e tinha sido a construção de uma tradição até ali muito prazerosa entre eles.
Eu amei, claro. O livro é lindo, com gravuras interessantíssimas e histórias poderosas.
Não é um livro sobre mulheres que venceram na vida, muitas perderam tudo, inclusive a vida. É um livro de mulheres que lutaram pelo que acreditavam.
Também não é um livro de assuntos fáceis. Tem escravidão, exploração, racismo, preconceitos múltiplos. No entanto, há um cuidado na apresentação dos temas e, com carinho e atenção, dá para ler com crianças novinhas, tipo a minha bonitinha de 6 anos hoje.
Porque foi assim que, uns meses atrás, eu ofereci, despretensiosamente, a leitura do livro, uma ou duas histórias por vez. Ela olhou o livro grandão e talvez tenha duvidado de que leríamos tudo. Não duvida, filha, nós somos muito capazes!
Tem Malala, tem Michele, tem Nina, tem Serena e Simone, tem Joan Jett. Tem rainha, tem escravizada, tem esportista, cientista, ativista, tem as artistas, as juízas, as políticas. Tem de tudo um pouco, do mundo todo. Tem muita americana, o que ensejou diversas reflexões porque de quebra pegamos um livro-mapa e fomos encontrando os lugares de onde cada mulher vinha.
Terminamos outro dia a leitura. E cada história gerou conversas, desenhos, atividades, passeios. Um dia, do nada, Mama África apareceu na nossa timeline do Instagram. Fazia 2 dias que tínhamos lido a história dela. E lá fomos nós ouvir as músicas, ver fotos, roupas da vida real, clipes. Uns dias depois Ada Lovelace apareceu na escola, junto de outras mulheres todas já agora nossas conhecidas. Que maravilha.
Eu sei que o presente era para eles dois, mas eu aprendi tanto! E curti cada momento dessa viagem. Bem como a amiga pretendeu!
A luta não precisa ser sempre árida. Ela pode ser feita de alguns momentos doces como esse. Minhas filhas vão crescer regadas a histórias de mulheres fantásticas e saberão disso e que podem ir além, se quiserem. Vai ser mais natural, eu torço.
Então nesse 8M eu quero agradecer a essa amiga que nos presentou a todos em casa com essa lição de vida em forma de livro. Eu agradeço também a essas 100 mulheres pela sua luta e pelas muitas muitas muitas outras que não tiveram suas histórias registradas. O mundo é mais bonito e mais livre por causa de vocês.
Agradeço também a cada mulher que faz parte da minha história e das minhas filhas. Se pudesse, dava um abraço apertado em cada uma. Espero com a minha jornada honrar a de vocês.
E para as minhas filhas e demais garotas rebeldes de todo o mundo, eu digo como no livro:
Sonhe grande,
Mire distante,
Lute com bravura.
E, na dúvida, lembre-se: você está certa.

I hope it too!
You go, girls! And enjoy the ride!
Feliz 8M!
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Obs. 1: Sim, ele leu o livro com ela, mas claro que me apossei do momento o quanto pude e não me envergonho.
Obs. 2: Nossa rebeldezinha mais nova também acompanha, mas ainda é muito para ela. Ela curte ver o mapa e saber de onde vieram as mulheres.
Obs. 3: Simmmmm, tem o livro 2 desse. Ainda vamos comprar. Hoje tem vários desse tipo, é uma questão de escolha pessoal mesmo. Mas agora preciso de um com brasileiras, porque representatividade geográfica importa também. Aceito indicações.
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